Para Ti
Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo
Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre
Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só
amando de uma só vida.
Mia Couto
5 comentários:
tão similar ao do eugénio, diria quase um plágio de mia couto.
LINDO <3
Jo, o álbum ou o poema!?!
O Ramalhete, concordo é a beleza da simplicidade que nos remete para o Eugénio. Um abraço*
Rainha, tu és uma romântica!!!
também me lembrou a estrutura, num poema que não sei se conhece: Foi para ti que criei as rosas.
Foi para ti que lhes dei perfume.
Para ti rasguei ribeiros
e dei ás romãs a cor do lume.
Eugénio, sempre.
"Hoje roubei todas as rosas dos jardins e cheguei ao pé de ti de mãos vazias."
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